Chico Machado
(Porto Alegre 1964)
Chico Machado (João Carlos Machado) é artista plástico e professor. Com Bacharelado em Pintura e em Desenho pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1991), Especialização em Teoria do Teatro Contemporâneo (2000), Mestrado (2005) e Doutorado em Poéticas Visuais (2012), na mesma universidade, realiza exposições individuais e coletivas desde 1991, tendo obtido diversos prêmios nesta e em outras áreas. Atualmente é professor do Departamento de Arte Dramática do IA/UFRGS. Além da sua atuação nas artes visuais com a produção com objetos, performances e vídeos, é atuante também nas áreas da música e do teatro.
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Minha prática artística iniciou na década de 80 no campo das artes visuais, partindo do desenho e da pintura (antes disso, desenhava histórias em quadrinhos). Foi através de um processo de pensamento tridimensional da pintura que comecei a trabalhar com objetos. Aos poucos, na década de 90, passei a incorporar movimento e som aos trabalhos, usando mecanismos e aparelhos elétricos. Ao mesmo tempo, eu tocava contrabaixo elétrico em bandas de música pop/rock (eu compunha músicas e letras também) e fazia trabalhos na área do teatro, de cenografia, de indumentária mas também como performer.
O trabalho que desenvolvo hoje é fruto destas experiências todas e, se posso me posicionar como um “artista sonoro”, faço isso partindo mais do campo (profissional e teórico) das artes visuais do que do campo da música.
Entendo que a noção de arte sonora apresenta nuances e abordagens diferentes, dependendo do campo de onde se olha ou se pratica (percebo que muitos músicos recorrem ao termo “arte sonora” para escapar dos ditames e da normatização daquilo que culturalmente chamamos de música, mas artistas plásticos buscam meios expressivos além da visualidade desde o tempo do dadaísmo e, de modo mais sistemático, a partir da arte conceitual). Para mim não se trata de achar um campo novo, mas de uma extensão natural do desdobramento do trabalho.
Penso que o lugar que ocupo e de onde realizo minhas práticas é um lugar posicionado entre diversos campos artísticos.
Entre tantas outras coisas, crio e confecciono aparelhos sonoros (escultura sonora?), faço composições áudio visuais em vídeo e performances com os aparelhos. Tecnologicamente falando, um caráter Low-tech está presente em toda minha produção.
Em 2012 desenvolvi uma técnica que faz aparelhos elétricos reagirem ao vídeo, através de sensores foto-elétricos, e utilizo isso em performances. O vídeo feito em alto-contraste é preparado para disparar os aparelhos, os aparelhos produzem o som.
O que me interessa hoje em dia é pensar trabalhos (ou ainda, pensar através de trabalhos) nos quais as categorias sonoridade, visualidade, ação e movimento (meu trabalho não é exclusivamente sonoro) estejam interligados em um nível estrutural (técnico?), de modo que uma categoria (linguagem) dispare ou gere um acontecimento na outra. Assim, por exemplo, uma ação ou um movimento se transforma em um som ou em uma visualidade. Então, a relação entre a sonoridade e os outros elementos deixa de ocorrer por um viés da ilustração ou da representação, ou de correspondências sensoriais (possibilidades com as quais já trabalhei e com as quais ainda eventualmente trabalho), e passa a ser factual, tautológica.
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